segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Como será?

Nada de novo.
Nada, de novo.


Ao mesmo tempo, explosões de sentimentos que desconheço, conheço, eço.
Amanheço, dentro de mim.
Volto, me encontro, desencontro, desato, ato, atuo, alto, sereno, molhado, olhado, percebido, ardido, perdido, fora de mim.

Esqueço, eço.

Contagio.

Desmereço, desabarato, des.. des...

Por dentro tudo está cinza, complicado, ado, parado, ado... ado...





Uma fagulha ainda acesa, eu quero apagá-la.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Meu coração por dentro

"Quem me abandona não me quer bonito
Não ouviu meu grito nas noites de insônia
Quem me abandona, só pra ser feliz comigo aflito
Quando partiu na mesa a melancia, era assim meu coração por dentro
Quando espetei no peito essa agonia, era assim a dor do meu tormento
E vocês acreditam que ainda hoje
Toda vez que eu canto esse meu invento
Toda vez que eu canto arrebenta os pontos da ferida
Quando partiu na mesa a melancia, era assim meu coração por dentro
Quando espetei no peito essa agonia, era assim a dor do meu tormento"

Vital Farias

sábado, 31 de julho de 2010

Se PT e PSDB fossem iguais

Há uma tese que corre em setores políticos distintos que, pelos equívocos que contém e pelas conseqüências desastrosas que gera, deve ser analisada com precisão. É a tese de que o PT e o PSDB seriam a mesma coisa, assim como os governos do FHC e do Lula.

A tese leva a uma espécie de “terceirismo” entre a direita e a esquerda, buscando definir uma eqüidistância em relação às candidaturas da Dilma e do Serra. Em 2006 essa posição levou a que alguns setores da esquerda propusessem o voto branco ou nulo diante da alternativa de Lula ou Alckmin, como se fosse igual para o Brasil qualquer um deles que fosse eleito.

Se os governos de FHC e Lula fossem iguais, a desigualdade teria diminuído e não aumentado durante o governo de FHC. Se fossem iguais, o extraordinário apoio popular que tem Lula teria sido dado também ao governo FHC que, ao contrário, terminou seu mandato com uma imensa rejeição da população brasileira.

Se fossem iguais, a reação do Brasil diante da mais grave crise econômica internacional desde 1929 teria sido a mesma de FHC em 1999: elevar a taxa de juros a 48%, pedir novo empréstimo ao FMI, assinar a corresponde Carta de Intenções (deles), cortar recursos das políticas sociais, aumentando a recessão e o desemprego, que levou o Brasil à uma profunda e prolongada recessão, de que só saímos no governo Lula.

Enquanto que o Lula reagiu diante da crise incentivando a retomada do crescimento da economia, baixando as taxas de juros, mantendo o poder aquisitivo dos salários, intensificando as políticas sociais, e fazendo assim que superássemos rapidamente a crise.

Se fossem iguais, não teria sentido a luta contra a ALCA – Área de Livre Comércio das Américas -, que FHC propugnava e que o governo Lula inviabilizou, para fortalecer os processos de integração regional. Dizer que são governos iguais ou similares é dizer que tanto faz privilegiar alianças subordinadas com os EUA ou aliar-se prioritariamente com os países do Sul do mundo, com os Brics entre eles.

Se fossem iguais os governos FHC e Lula, o Estado mínimo a que tinha sido reduzido o Estado brasileiro seria o mesmo que o Estado indutor do crescimento e a garantia da extensão dos direitos sociais da maioria pobre da população. O desenvolvimento, suprimido do discurso de FHC, foi resgatado como objetivo estratégico pelo governo Lula, articulado intrinsecamente a políticas sociais e de distribuição de renda.

Se fossem iguais, a maioria dos trabalhadores continuaria a não ter carteira de trabalho assinado, predominando o emprego informal sobre o formal. O poder aquisitivo dos salário teria continuado a cair, ao invés de ser elevado acima da inflação.

É grave que haja setores na esquerda que não consigam distinguir essas diferenças, entre a direita e a esquerda. Perdem a capacidade de identificar onde está a direita – o inimigo fundamental do campo popular -, correndo o grave risco de fazer o jogo dela, em detrimento da força e da unidade da esquerda.

sábado, 10 de julho de 2010

Canções do Divino Mestre - indico


A Bhagavad Gita é um dos capítulos do poema épico Mahabhárata, uma das mais importantes contribuições da Índia para a história da cultura universal. Como toda grande obra, fala a todos os leitores, em todas as épocas. Seu universalismo está presente, por exemplo, no tema do domínio de si, que percorre toda a filosofia indiana. Krishna, o divino mestre, ensina a vida a seu interlocutor. Fala também da alma, da devoção, do trabalho de aperfeiçoamento pessoal. Fala sobretudo de certas realidades humanas: compreensão, inteligência, estar-livre-da-ilusão, veracidade, perdão, firmeza, felicidade, tristeza, nascimento, decadência, covardia, destemor, eqüidade, não-violência, satisfação, penitência, caridade, infância, fama. Isso já basta para conquistar o leitor ocidental contemporâneo, para fazê-lo solidário com uma cultura tão profundamente outra.
Esta edição, traduzida diretamente do sânscrito por Rogério Duarte, é acompanhada de um CD que traz 32 "Canções do Divino Mestre" e tem a participação de 29 músicos, entre eles Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, Arnaldo Antunes, Chico César e Cássia Eller.



Faixas:
01 - Observando Os Exercitos (Rogerio Duarte)
02 - Leitura De Rogerio Duarte
03 - O Lamento De Arjuna (Chico Cesar)
04 - A Eternidade Da Alma (Gilberto Gil)
05 - Leitura De R. Duarte E Wally Salomao
06 - Exortacao A Luta (Siba)
07 - A Espada Do Saber Transcendental (Belchior)
08 - Quem Parte Na Luz, Quem Parte NaS Trevas (Tom Ze)
09 - Oferenda A Mim (Gal Costa)
10 - A Base Do Supremo (Moreno Veloso)
11 - A Pessoa Suprema (Pericles Cavalcanti)
12 - Leitura De Walter Silveira
13 - As Qualidades Das Pessoas De Natureza Divina (Arnaldo Antunes)
14 - O Homem Demoniaco (Arrigo Barnabe)
15 - Leitura De Walter Silveira E Julio Wong
16 - O Comedor De Cachorro (Cassia Eller-Luiz Brasil)
17 - Deve-Se Pensar Em Deus (Maharaj)
18 - A Pessoa Transcendental (Jussara Silveira)
19 - A Visao Do Yogui Sincero (Ana Amelia E Rogerio Duarte)
20 - Maha Mantra (Tomaz Lima)
21 - Leitura De Taina Guedes
22 - Leitura De Lenine
23 - A Refulgencia De Deus Na Forma Universal (Rogerio Duarte)
24 - A Visao De Krishna Na Forma Universal (Lenine)
25 - Leitura De Lenine
26 - Leitura De Taina Guedes
27 - A Semente Original (Geraldo Azevedo)
28 - Que E Muito Querido A Mim (Elba Ramalho)
29 - A Louvacao De Krishna Por Arjuna (Walter Franco)
30 - A Opulencia Do Absoluto (Oliveira De Panelas)
31 - O Pai Do Universo (Joao Duarte)
32 - Final (A Conclusao De Sanjaya) R. Duarte A. Marsicano


duas mãos dadas juntas.

“O que quer que você faça na vida, será insignificante, mas é muito importante que o faça, porque ninguém mais o fará. Como quando alguém entra na sua vida, e metade de você diz que não está nem um pouco preparado, e a outra metade diz: faça com que ela seja sua pra sempre.” Vi isso num filme, aquele, Lembranças... bonitinho, e triste.

Você acha que eu estou obcecada? Ou funciona assim pra todo mundo que se apaixona? Tipo, pensar em alguém o tempo todo, lembrar, lembrar, lembrar... isso me faz achar que começo a ficar louca.

O dia hoje se arrastou, tipo, ainda são 20h, e o que eu estaria fazendo se não estivesse aqui, se meu lugar fosse você, com tudo que vem dentro?

Sinto medo, e não sei parar de sentir, porque sinto muitas coisas sempre, e é difícil sentir, e mais difícil ter que deixar de sentir, e eu não quero. Quero somente explodir de tanto sentimento, buuum, um bum bem grande.

Se eu morrer de chorar a culpa é sua, saiba disso. “Você vai dizer: Argh, mas tu chora o tempo todo.” E eu choro mesmo, sem nenhum motivo aparente, uma manteiga derretida. Acho que chorar é o jeito que o meu corpo encontrou pra jogar fora essas amarras de pensar e sentir. Chorar é estrapolar, e é ter coragem de se lavar de dentro pra fora eu acho, então estou limpa, mas preciso de um cigarro urgente, será o último, eu juro.

Sou louca por esse homem desde a minha juventude, que foi a menos de dois meses atrás, e hoje sou mais louca ainda porque ele é o pai dos filhos que eu ainda não tenho, e estamos nos acabando juntos, minhas pernas doem, e a culpa é dele.

Saiba que você está me consumindo, e meus olhos amanhã vão amanhecer inchados, culpa sua e do Radiohead, que é minha trilha para momentos solitários, aquele da MTV, mas acho que você não sabia disso, como não sabe tantas outras muitas coisas sobre mim.

Me dá a mão logo, e aperta forte, não solte ela por nada nesse mundo. Fique comigo. Me ensine um jeito de amar que não doa tanto, não quero me doer. Não quero doer você. Me sinta na sua mão e não me solte por nada nesse mundo. Fique junto de mim, anoiteça e amanheça, entardeça, envelheça, enraiveça, eça, eça, me eça até não poder mais.

Não me deixe obcecar, não me deixe achar que você é a razão absoluta da minha felicidade, quero ser feliz sem você também, mas não sei se sou capaz, e isso me assusta.

Uma parte de mim diz pra eu não me entregar tanto, pra não sofrer de novo, e outra parte diz: “vai com tudo, mujer.” Sinceramente não sei, acho que estou indo com tudo, e sinto vontade de colocar o pé no freio, tipo segundas, quartas e sextas, mas não sei se vou conseguir.

Acho que não sou mais sozinha, tenho uma mão pra segurar, uma cabeça pra afagar, tenho alguém por quem chorar à noite, e alguém por quem sorrir. Eu tenho planos, tenho sonhos, e não sonho sozinha, isso é gratificante. Por isso não me deixe, não quero ter uma casa na praia sozinha, nem quero deixar de ser consumista sozinha, quero dividir as coisas contigo. Quero sentar Zion no teu colo, programar a câmera e tirar uma foto nós três, depois nós quatro, não esqueça da Jasmim, gostei desse nome, ta aprovado. Sinto sua falta meu amor. Meu olhar quer o teu, e ele quer agora, tem uma vontade pra agora, o que vou fazer com ele? Me diz? Aliás, o que vou fazer com o resto de mim? Que quer você?


sábado, 26 de junho de 2010

O da menina que não queria casar.

Sentou na mesa de jantar, partiu o pão ao meio com cuidado, passou manteiga dos dois lados, repousou a faca ao lado do prato, então deu a primeira mordida. Mastigou bem, dez vezes, como a tinham ensinado, respirou fundo e disse calmamente: 'Não quero me casar'. Afirmação simples e concisa. Ainda continuou o devaneio: 'Casamento é só uma imposição burocrática.' Todos na mesa engoliram seco. A mãe retrucou: 'Pode se amigar amanhã, mas esqueça que eu existo.' O pai continuou a mastigar a comida, descuidado, como se nada tivesse ouvido. A tia enfiou uma colherada guela abaixo no filho de quatro anos, ela sabia onde aquela conversa iria chegar.
Um minuto de silêncio ensurdecedor, onde só se ouviam os dentes mastigando a pamonha do mês frio e acinzentado de junho. Era inverno, e por isso talvez, os corações estivessem frios e fechados para a felicidade, mas não. A filha, entalada, não com o pão, mas com toda a tradição que rondou sua família por gerações, ainda teve força e ímpeto para dizer: "Casamento é o bom viver." Última sentença, antes ter ficado calada. Chuva de gritos, espasmos, uivos dolorosos sobre só ter tido uma filha e esta não dar nenhuma alegria. Lamentações banhadas a olhares incriminadores. Na verdade, ninguém naquela mesa sabia ao certo sobre o que falava. Se era tradição, amor, convivência, vontade, família, burocracia... cada um falava sua própria língua, incompreensível para o semelhante. O fato é que a filha bateu na mesa e declarou sua sentença de perseguição eterna. Obviamente não estava disposta a levar aquele assunto tão a sério, só queria gerar uma polêmica, mas isso não vem ao caso. O fato é que a filha vociferou a angústia aprisionada na sua alma. Obviamente também, ninguém deu crédito a sua argumentação infundada, a ignoraram. Ninguém na mesa acreditava mesmo que a filha única de um casamento feliz, iria também ter o mesmo futuro promissor de seus geradores. Ela estava marcada para sempre, por ter contado seu segredo a um desconhecido que não a acompanhou por toda vida, como mandava a Sagrada Escritura. Um destino infeliz esperava a herdeira de toda a alegria existente na terra. Teve a oportunidade de ter tudo o que quis, mas escolheu o lado oposto do campo de batalha, escolheu querer não se casar. Não que ela tivesse escolha, mas tinha, e todos tinham que acreditar que de fato ela poderia optar, e sendo assim, escolheria o véu branco, ou ao menos o juiz e seu sermão de papel. Não quis nada disso, ao menos por essa noite de junho, mês frio e tempestuoso, que levou consigo casas, pessoas e escolhas. Um dia saberemos como a história acabou, mas algo me diz que... bem, nada me diz algo, esperemos para ver.

São quatro e trinta e cinco da manhã, segundo o meu relógio... não consegui dormir, o que parece óbvio. Assisti “A insustentável leveza do ser” a madrugada toda, lembre-me de não ver filmes com 4h de duração... pensei em você o tempo todo. Não, não é porque tem comunistas no filme (piada infame). Enfim, acabou o filme e ainda não consigo dormir, não tem ninguém aqui pra me contar uma história, nem ninguém pra me abraçar. Eu até trouxe Chino, mas não é a mesma coisa, queria você. Eu não sei direito o que escrever, não tenho facilidade pra dizer “eu te amo” muitas vezes seguidas, ou tenho facilidade pra escrever, bem, não sei o que quero dizer. Tínhamos conversado do quanto eu estava feliz e por isso não estava conseguindo escrever nada, estar feliz poda um pouco minha criatividade. Me acostumei com a melancolia, me acostumei a sentir medo, me acostumei a procurar sempre uma ponta de tristeza onde pudesse me esconder pra escrever. Estou um pouco triste agora, sinto saudade, e sinto medo também. Eu sinto tantas coisas que nem sei pontuá-las. Eu sinto tanto você, e não queria sentir, pelo menos não agora. Eu admito, gosto de ser triste, gosto de ser falsamente feliz, era o meu abrigo. Gosto de aparentar uma liberdade que não tenho, gosto de chorar quando fecho a porta do quarto, você já deve ter percebido. Eu sou estranha, e não sei se você agüenta isso. Existem milhares de pessoas lá fora, pessoas normais, que buscam a felicidade, que sentem facilidade em expressar o que sentem, pessoas bonitas, alegres, inteligentes, loiras, morenas, multicoloridas, muitas delas devem ser melhores do que eu, e eu sinto por você não poder descobrir isso. Eu me apaixono muito fácil, meu pai vive dizendo isso, na verdade, me apaixonava semanalmente. Talvez não seja minha culpa, é a diversidade que existe no mundo, coisas novas que a gente tem vontade de viver, mas que quando deixa de ser novo, perde a graça, e aí aparece outra coisa, que também perde a graça, porque nada é novo pra sempre, e isso é óbvio também. Em toda minha longa vida de quase vinte e um anos, só disse “eu te amo” para quatro pessoas, não foram boas experiências. Eu deixei e fui deixada, e fui deixada mais vezes do que deixei. Estou cansada. O amor me cansa as vezes. Amor me lembra felicidade, me lembra café da manhã na cama, que me lembra jogar milho pros pombos imundos da Pça da Bandeira e achar bonito. Amor tem gosto de café com leite condensado, e cuzcuz com soja. Amor é feliz como passear no Parque da Criança na hora que o sol está se pondo. Amor é bom, mas é também e-mails indesejados, ligações pros seus pais contando seus segredos, bocas gritando “puta”. Amor é bonito, mas é também conversa séria decidindo que o melhor é acabar com o amor. Eu não tenho medo de ser feliz, ou tenho, eu já não sei. Talvez eu seja boba e cheia de medos, cheias de traumas, cheia de pequenas loucuras. Mas sou cheia de vontades também, de sonhos, de palavras que querem sair de mim. É difícil, eu sou difícil, e eu nunca disse isso pra ninguém porque afinal de contas não se pega uma galinha assustando ela. Ontem a noite você disse que me amava, disse que queria ficar comigo pra sempre, quer uma filha, não agora, mas daqui a cinco anos. Eu quero acreditar em você, mas me entenda, não é fácil. Em toda a minha longa vida de quase vinte e um anos muitas pessoas se apaixonaram por mim, paixões semanais. Apenas 4 pessoas disseram que me amavam, me deixaram mais do que eu as deixei. Não quero ser deixada de novo, se é que você me entende. Ser deixada me faz desacreditar no amor, me faz ver tudo cinza, me faz escrever dias e dias a fio, emagrecer quilos, meu cabelo fica feio, e eu esqueço de fazer as unhas. Ser deixada me faz viajar pra São Paulo sem ter nada pra fazer lá. Ser deixada me faz querer comer o mundo todo e depois pedir uma moto. Ser deixada me deixa fria e vazia. Então, por favor, não me deixe. Sei que isso é pedir muito, mas estou de fato apaixonada por você. Mais que isso, eu amo você. Eu sinto medo de te perder. Sinto medo de acordar e não te ver, de não sentir teu cheiro, nem ver teu sorriso ou ouvir a tua voz. Sinto medo de não rir mais dos teus trejeitos, ou de nunca mais andar de mãos dadas. Eu te amo, por isso não me deixe. É muita responsabilidade, eu sei. É jogar responsabilidade nas suas costas brancas e tatuadas, mas não me deixe. Sei que isso de deixar é relativo, ninguém além de mim começa um relacionamento achando que ele vai acabar daqui a três semanas. Mas, por favor, quando você cair na real e perceber que no mundo existem pessoas multicoloridas e cinzas também, esperando por cor. Quando você quiser se misturar em cores, ser verde, roxo, marrom e vermelho, me avisa? Para que eu tente ser da cor que você gosta, pra eu não ter que ver você colorindo outras telas enquanto eu fico cinza e escrevendo dias a fio. Não quero te perder, eu te amo. Eu não sou perfeita, nem to querendo ser. Sou gorda e tenho cara de puberdade, cheia de espinha. A cor do meu cabelo ta caindo, e acho que meu pulmão deve estar preto, mas eu te amo. Te amo nas suas pequenas coisas, nas pequenas chatices, nos pequenos gestos, e talvez quando você não me amar mais eu ainda te ame. Eu quero que dure, dure tipo, enquanto eu estiver viva. Vamos comigo? Vamos nessa casa com geladeira redonda, e fogão redondo também. Com dois filhos, eu quero uma menina e um menino. E eles tem que ser da minha cor e ter teu cabelo. Ter minha boca e o teu nariz, os olhos podem ser de qualquer um de nós, afinal, nossos ojos são lindos! Eu quero dormir e acordar do teu lado pra sempre, te abraçar, dizer que te amo, desejar bom dia, fazer café-da-manhã, almoço e jantar, assistir televisão e ficar no computador junto. Eu quero ficar do teu lado, ser tua companheira, ser tua amiga, amante, ser tudo o que você precisar, até mesmo professora. Bem, eu poderia ficar aqui escrevendo para sempre, mas já são cinco e treze da manhã. Acho que preciso dormir. Queria que você me ligasse. Enfim.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Hoje eu abusei... abusei da sorte. Mas abusei do resto... do resto que fica quando se tira a sorte. Abusei de você. Passei a tarde e a noite falando no mal que você me faz, de como suas garras sujas me prenderam, de como eu não sofro mais, de como o amor acabou... bla bla bla.
Nunca acaba, nunca. Hoje você me fez chorar mais uma vez, eu sei, já jurei que seria a última, aquela vez que nem lembro. Mas hoje você me fez chorar de raiva. É a primeira vez que sinto raiva. Já senti tudo, pena, tristeza, desespero... já chorei por tudo isso, e sempre foi um choro bom, enfim. Hoje te odiei, quis esmagar tua cabeça no meio-fio, quis gritar pra todo mundo esses segredos que não são secretos, eu quis que você se FUDESSE, com o perdão da palavra. E não. Hoje eu quis fazes algo mais da minha vida, algo que não fosse falar de você entre um gole e outro, hoje, por pouco eu não te esqueci. Venho descendo as escadas, vitoriosa... lá está você. Bem, você não pode existir, ou nós dois não podemos existir juntos no mesmo espaço. Eu me descontrolo, eu sufoco, engasgo, falo o que não devo, tropeço nas palavras, bla bla bla. Você me machucou hoje, mas foi a última vez, isso eu posso jurar. Você mentiu pra mim e me machucou. Eu balbuciei o que tava na garganta, não falei nada, andei, pensei, projetei na mente uns bons desaforos que você deveria ouvir, pra se tocar de vez, voltei, mas não tinha ninguém mais sentado lá. Você escapou de mim. Enfim, eu sei que é difícil, porra, sei coisa nenhuma! Você é um fraco! Foi isso que eu voltei pra dizer! Você é um fraco, incapaz de falar a verdade! Incapaz de dizer que não me quer e que vai dormir com ela! Danem-se todos. Danem-se essas malditas lágrimas, e dane-se esse maldito tempo que não passa e só me consome. Vá pro inferno, você, eu, esse vazio repleto de pessoas! Danem-se todas elas... pessoas que eu não quero, que quero, que eu nem sei mais... Posso me permitir esse momento de fraqueza? Pelo menos aqui? Já que amanhã voltarei a agir como se isso pouco me importasse, como se você fosse uma merda... você e todos os outros, e são. Desisti dessa porra de felicidade, e me perdoe o meu pai por tantos palavrões nesse texto, enfim. Posso me permitir esse momento de baixeza? Pelo menos aqui? Já que amanhã voltarei a andar de nariz empinado... uma "lady", nada me tocará, nada me fará chorar ou rir, nada bla bla bla. Já me cansei do meu próprio discurso de liberdade, estou presa demais a ele. Abusei, abusei de tudo, inclusive da sorte, da sorte de ter o amor tranquilo com sabor de fruta mordida. Porra nenhuma! Não papai, não quero mais me casar, nem ter filhinhos... o amor é uma mentira, e quem achar que eu estou errada, ouse me provar o contrário.

domingo, 9 de maio de 2010

Já apaguei o começo desse texto três vezes, não sei o que dizer. Na verdade, dessa vez não estou entalada, mesmo que a sua imagem, comemorando esse dia feliz, me rasgue inteira. Faz tempo que decidi não chorar, mas hoje precisei de algumas lágrimas, eu quis ficar triste por você. Não quero me tornar uma amante clichê, aliás, uma amante platônica clichê. Pela primeira vez, consigo dizer pra alguém, tudo o que me aperta a alma, não temos mais segredos, fora aqueles que existiam antes de sermos um só, separados. Não estamos, não sinto. Eu não sei te explicar, nunca poderei.
Não temos mais nada de colorido um no outro, não nos temos mais. Eu, uma vida de... bem, uma vida leve demais, solta demais... você, uma vida de comercial de margarina, e você acha graça quando digo isso? Nem mais os encontros casuais, nem mais um pouco de cada, na metade do ser, nem um pedaço da pedra que desceu o caminho, nem a nuvem que se desprendeu e formou outra figura tão maluca quanto o resto dela. Não mais nós dois. Eu tentei ser mais você, mas não consegui, e não consegui porque no mundo existem tantos outros iguais, diferentes... que eu ainda quero conhecer, e quem sabe gostar bem mais. Não mais me prender à você, não mais fugir de você, não se preocupe, eu também não entendo. Não quero entender, eu quero somente que isso dure, eu com minha vida leve, você com sua vida da propaganda da "qualidade de vida começa com Qualy"... nós nos encontrando esporadicamente pelos corredores de algum lugar, trocando uma idéia, você vendo o amor nos meus olhos, eu fazendo piada contigo, você rindo feito bobo... Sabe, você é muito bobo, e eu gosto. Eu gosto do teu sorriso, teu olhar infantil... enfim, eu não quero pensar nas coisas que gosto, elas nos aproximam mais, e eu quero me asfastar, mas não vou, cada dia me convenço que não vou nunca fechar a porta pra você. E isso é bom, você virou muitos outros vocês, e eu aprendi a não fechar a porta pra ninguém, entra.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Difinitivamente, é muita coisa pra sentir de uma vez só.
Não.
"Com você sinto tudo de uma vez, e de não aguentar, caio em mim. Nas nóias histórias..."
Quero fugir desse medo, quero fugir de sentir, de pensar, de ter não tendo, sentir, pegar, lamber não tendo e ter ainda, não o todo ou metade, ter de saber, de saber que tem, tenho mesmo, metade ao menos, menos, bem menos da metade.
É culpa da música, a tal músicas de Mercedes:
"Como un pájaro libre de libre vuelo,
Como un pájaro libre así te quiero.
9 meses te tuve creciendo dentro"
Ter de pensar e ter que pensar. Me desmancho, sou só pús e sangue, ainda sou a ferida, tudo dói em mim. As marcas, aquelas marcas, tudo já apodrecendo sem cicatrizar. Gangrena! Tu és a gangrena no corpo tudo. Estar vivo, morto, entrando em decomposição o sentimento. Todos os sentimentos que nem veem de uma vez. Cometas, vários na minha direção, explodo, ardo, seco, viro pó. Quero ser pó, pó assoprado, me misturar com o vento, não me doer mais, não me doa mais, não me. Mate, me mate. Me acabe, me deixe!Me deixe te ter, ter tendo, não tendo, não vá. Não pegue o celular e bata a porta! Não jogue minha chave na escada. Não suba, não volte, não deite, não diga que me ama. Vá, vá, vá, vá.

domingo, 7 de março de 2010

Nem calor nem frio nesse mês de março. Meses, três, para ser mais exata. Meses sem frio nem calor. Se fosse questão de sensação térmica, diria que hoje estou com frio.
Não quero mais. Uma porção de coisas que eu não quero mais. Eu quero, quero tantas outras porções de coisas, não-coisas, coisetes.
Eu quero falar mais. Eu quero escrever menos. Mas eu quero escrever, e eu não quero falar.
Eu não posso nem falar, nem escrever o que eu quero.
Quero, quero, quero, quero, quero, eu quero.
Eu não quero mais a nostalgia do mês de outubro. Meses, dois pra ser mais exata. Eu não quero mais a nostalgia de outubro e novembro. Eu não quero mais o frio de março, nem a falta de calor e frio de Dezembro, janeiro e fevereiro, que segundo os meteorologistas deveriam ser meses quentes.
Coisas assim acontecem. Por que coisas assim acontecem?