segunda-feira, 10 de maio de 2010

Hoje eu abusei... abusei da sorte. Mas abusei do resto... do resto que fica quando se tira a sorte. Abusei de você. Passei a tarde e a noite falando no mal que você me faz, de como suas garras sujas me prenderam, de como eu não sofro mais, de como o amor acabou... bla bla bla.
Nunca acaba, nunca. Hoje você me fez chorar mais uma vez, eu sei, já jurei que seria a última, aquela vez que nem lembro. Mas hoje você me fez chorar de raiva. É a primeira vez que sinto raiva. Já senti tudo, pena, tristeza, desespero... já chorei por tudo isso, e sempre foi um choro bom, enfim. Hoje te odiei, quis esmagar tua cabeça no meio-fio, quis gritar pra todo mundo esses segredos que não são secretos, eu quis que você se FUDESSE, com o perdão da palavra. E não. Hoje eu quis fazes algo mais da minha vida, algo que não fosse falar de você entre um gole e outro, hoje, por pouco eu não te esqueci. Venho descendo as escadas, vitoriosa... lá está você. Bem, você não pode existir, ou nós dois não podemos existir juntos no mesmo espaço. Eu me descontrolo, eu sufoco, engasgo, falo o que não devo, tropeço nas palavras, bla bla bla. Você me machucou hoje, mas foi a última vez, isso eu posso jurar. Você mentiu pra mim e me machucou. Eu balbuciei o que tava na garganta, não falei nada, andei, pensei, projetei na mente uns bons desaforos que você deveria ouvir, pra se tocar de vez, voltei, mas não tinha ninguém mais sentado lá. Você escapou de mim. Enfim, eu sei que é difícil, porra, sei coisa nenhuma! Você é um fraco! Foi isso que eu voltei pra dizer! Você é um fraco, incapaz de falar a verdade! Incapaz de dizer que não me quer e que vai dormir com ela! Danem-se todos. Danem-se essas malditas lágrimas, e dane-se esse maldito tempo que não passa e só me consome. Vá pro inferno, você, eu, esse vazio repleto de pessoas! Danem-se todas elas... pessoas que eu não quero, que quero, que eu nem sei mais... Posso me permitir esse momento de fraqueza? Pelo menos aqui? Já que amanhã voltarei a agir como se isso pouco me importasse, como se você fosse uma merda... você e todos os outros, e são. Desisti dessa porra de felicidade, e me perdoe o meu pai por tantos palavrões nesse texto, enfim. Posso me permitir esse momento de baixeza? Pelo menos aqui? Já que amanhã voltarei a andar de nariz empinado... uma "lady", nada me tocará, nada me fará chorar ou rir, nada bla bla bla. Já me cansei do meu próprio discurso de liberdade, estou presa demais a ele. Abusei, abusei de tudo, inclusive da sorte, da sorte de ter o amor tranquilo com sabor de fruta mordida. Porra nenhuma! Não papai, não quero mais me casar, nem ter filhinhos... o amor é uma mentira, e quem achar que eu estou errada, ouse me provar o contrário.

domingo, 9 de maio de 2010

Já apaguei o começo desse texto três vezes, não sei o que dizer. Na verdade, dessa vez não estou entalada, mesmo que a sua imagem, comemorando esse dia feliz, me rasgue inteira. Faz tempo que decidi não chorar, mas hoje precisei de algumas lágrimas, eu quis ficar triste por você. Não quero me tornar uma amante clichê, aliás, uma amante platônica clichê. Pela primeira vez, consigo dizer pra alguém, tudo o que me aperta a alma, não temos mais segredos, fora aqueles que existiam antes de sermos um só, separados. Não estamos, não sinto. Eu não sei te explicar, nunca poderei.
Não temos mais nada de colorido um no outro, não nos temos mais. Eu, uma vida de... bem, uma vida leve demais, solta demais... você, uma vida de comercial de margarina, e você acha graça quando digo isso? Nem mais os encontros casuais, nem mais um pouco de cada, na metade do ser, nem um pedaço da pedra que desceu o caminho, nem a nuvem que se desprendeu e formou outra figura tão maluca quanto o resto dela. Não mais nós dois. Eu tentei ser mais você, mas não consegui, e não consegui porque no mundo existem tantos outros iguais, diferentes... que eu ainda quero conhecer, e quem sabe gostar bem mais. Não mais me prender à você, não mais fugir de você, não se preocupe, eu também não entendo. Não quero entender, eu quero somente que isso dure, eu com minha vida leve, você com sua vida da propaganda da "qualidade de vida começa com Qualy"... nós nos encontrando esporadicamente pelos corredores de algum lugar, trocando uma idéia, você vendo o amor nos meus olhos, eu fazendo piada contigo, você rindo feito bobo... Sabe, você é muito bobo, e eu gosto. Eu gosto do teu sorriso, teu olhar infantil... enfim, eu não quero pensar nas coisas que gosto, elas nos aproximam mais, e eu quero me asfastar, mas não vou, cada dia me convenço que não vou nunca fechar a porta pra você. E isso é bom, você virou muitos outros vocês, e eu aprendi a não fechar a porta pra ninguém, entra.